Aline Rizzo, mãe de uma criança que viralizou ao tentar trocar de lugar com outra passageira em um voo, entrou com uma ação judicial contra o humorista Leo Lins.
motivo foi uma piada feita por ele, associando o caso de seu filho ao trágico assassinato de Isabella Nardoni. A declaração foi considerada ofensiva e gerou grande repercussão.
Aline, representada pela advogada Thais Cremasco, acusa o comediante de promover discurso de ódio e desrespeito. Segundo Cremasco, a fala de Lins é misógina e perpetua estereótipos que desmoralizam mulheres. Por outro lado, a defesa do humorista afirma que se trata de uma obra fictícia, criada para um ambiente de show de humor.
A piada e a reação
Durante uma apresentação, Leo Lins fez uma declaração polêmica que foi registrada e publicada em suas redes sociais. Ele disse:
“Pau no c daquela arrombada, né? ‘Ai, meu filho quer ir na janela’. O Nardoni mostra pra ele onde é a janela. Chato do cralho, vai tomar no c.”*A fala rapidamente viralizou, causando indignação. Aline Rizzo, ao tomar conhecimento do vídeo, usou suas redes sociais para criticar o humorista:
“Um vídeo tão curto, mas que abrange tanto preconceito e tanto crime, tanta falta de respeito. Está incitando uma agressão à uma criança. Jogar da janela, fora os xingamentos à mulher, que sou eu. Falta de respeito à memória da criança que foi assassinada. Como o público dele acha que isso é humor?”
Ela também reforçou a importância de denunciar esse tipo de discurso:
“Digno de pena quem fez o vídeo e quem compartilha do mesmo pensamento. O que a gente tem que fazer é denunciar e não se calar.”
Relembre o caso Nardoni
A referência feita por Leo Lins remete a um dos crimes mais chocantes do Brasil. Em 2008, Isabella Nardoni, de apenas 5 anos, foi assassinada ao ser jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo. Após investigação, a madrasta, Ana Carolina Jatobá, e o pai, Alexandre Nardoni, foram condenados pelo crime, recebendo penas de 26 e 31 anos de prisão, respectivamente.
A associação da tragédia com uma situação cotidiana foi amplamente criticada, não só por Aline, mas por diversos internautas, que consideraram a fala uma banalização de um crime bárbaro.
A defesa de Leo Lins
O advogado do humorista, Lucas Giuberti, argumentou que o conteúdo apresentado por seu cliente é fictício e faz parte de uma performance artística. Ele explicou que o show ocorreu para um público pagante, dentro do contexto de uma apresentação humorística.
Giuberti comparou o trabalho de Lins com interpretações artísticas em outras mídias:
“Já usei como exemplo o personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, interpretado de forma brilhante por Wagner Moura. O personagem era violento e violava direitos humanos, mas isso não significa que o ator devesse ser processado por isso.”
O defensor também apontou que existe uma confusão entre o “personagem” Leo Lins e a pessoa física Leonardo Lins. Para ele, o humor apresentado no palco não deve ser interpretado como uma manifestação pessoal do comediante.
Liberdade de expressão ou discurso de ódio?
O caso reacende o debate sobre os limites do humor e da liberdade de expressão. A advogada de Aline, Thais Cremasco, afirmou que o humorista ultrapassou o limite do aceitável ao promover uma fala que ofende, discrimina e perpetua desigualdades:
“Liberdade de expressão não é licença para praticar discurso de ódio. Enquanto a primeira é um direito constitucional que promove o debate e a democracia, o segundo é um ato ilícito que agride e perpetua desigualdades.”
Contexto do caso original
O vídeo que deu origem à polêmica mostra Jeniffer Castro, uma passageira que recusou trocar de assento com uma criança em um avião. A criança, filho de Aline Rizzo, chorava porque queria sentar na janela. A cena foi gravada por outra passageira, Eluciana Cardoso, que não tinha vínculo com a família.
Apesar de Jeniffer ser amplamente criticada nas redes sociais, o caso gerou um debate sobre direitos individuais em espaços públicos e os limites de empatia em situações cotidianas.

Conclusão
A ação judicial movida por Aline Rizzo contra Leo Lins traz à tona questões sensíveis sobre os limites do humor, respeito à memória de vítimas e discursos ofensivos. Enquanto a defesa do humorista insiste no caráter fictício da fala, a acusação argumenta que discursos como esse perpetuam violência e misoginia.
A decisão sobre o caso pode estabelecer novos precedentes sobre até onde o humor pode ir sem infringir os direitos de outras pessoas. O debate, no entanto, já está nas redes, dividindo opiniões entre liberdade criativa e responsabilidade social.
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